
Helena Garcia e Andreia Valente são as duas fundadoras da R-nuucell
A R-nuucell acaba de ser selecionada como uma das oito empresas que vão poder validar a eficácia de terapias inovadoras através do programa EP PerMed. Com a participação no programa, a startup fundada por investigadoras da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CIÊNCIAS) vai receber €80 mil para validar a eficácia de uma nova terapia para cancros agressivos. O programa EP PerMed tem uma duração de seis meses e é apoiado com fundos europeus.
“Com a participação no EP PerMed, pretendemos validar vários aspetos da nossa tecnologia, nomeadamente, a eficácia do candidato a fármaco PMC79 no tratamento do cancro colorretal com mutação na proteína KRAS, em modelos de ratinho”, explica Andreia Valente, fundadora da R-nuucell, e professora do Departamento de Química e Bioquímica de CIÊNCIAS.
Além do cancro colorretal, a R-nuucell tem vindo a estudar terapias para o cancro do pâncreas, e algumas variantes do cancro do pulmão que têm origem na mutação da proteína KRAS. Na startup, há a expectativa de que o candidato a fármaco PMC79, que tem por base o metal ruténio, possa inibir, pelo menos, três das principais mutações da proteína KRAS, que está associada à proliferação de células cancerígenas.
Com o apoio dado pelo programa EP PerMed, a startup que tem vindo a operar a partir da incubadora Tec Labs conta fazer os testes de validação da potencial terapia no laboratório colaborativo VectorB2B. Os testes de validação vão ser feitos em modelos animais com o objetivo de apurar quanto tempo demora o fármaco desenvolvido pela R-nuucell a atingir um tumor.
Além disso, os investigadores da R-nuucell vão aproveitar os testes com animais para recolher dados sobre o tempo que o novo fármaco permanece dentro do corpo dos animais até ser excretado. Segundo os responsáveis da empresa esses dados poderão vir ser úteis para definir dosagens e periodicidades de tomas de medicamentos, explica Andreia Valente.
“O primeiro passo será a realização de um estudo de farmacocinética, que é fundamental para otimizar as dosagens e compreender os mecanismos de excreção do composto. Os resultados destes estudos irão posicionar-nos favoravelmente para avançar para novas fases de desenvolvimento e candidatar-nos a outros tipos de investimento”, acrescenta Andreia Valente.
A R-nuucell foi fundada em 2021 pelas professoras de CIÊNCIAS Andreia Valente e Helena Garcia. Caso consiga demonstrar eficácia, a jovem empresa pode dar um importante contributo para as terapias desenvolvidas à medida de cada caso clínico – sem perder de vista as estatísticas mais globais.
“O PMC79 distingue-se pela ação seletiva sobre a proteína KRAS mutada, preservando a forma não mutada que é essencial para o normal funcionamento celular. As mutações na proteína KRAS estão presentes em cerca de 30% de todos os cancros, com particular incidência no cancro colorretal, (~40%) e no cancro pancreático (~90%), ambos sem cura disponível atualmente”, descreve Andreia Valente. “O sucesso deste projeto poderá representar um avanço transformador com elevado impacto clínico e social”, acrescenta a investigadora.
A R-nucell foi selecionada entre A par da R-nuucell, o EP PerMed selecionou mais sete empresas, com projetos que vão das terapias alternativas para o cancro a novas ferramentas relacionadas com a genética, a reabilitação neuromuscular e a recuperação tecidos.