Jurássico Superior português

Pegadas de dinossáurios terópodes e “crocodilos”

Duas pegadas de dinossáurios carnívoros e marcas interpretadas como rastos de natação de crocodilos, com os respetivos mapas de profundidade

Duas pegadas de dinossáurios carnívoros e marcas interpretadas como rastos de natação de crocodilos, com os respetivos mapas de profundidade

Imagem cedida por EM

A revista científica Lethaia publica este mês um novo trabalho sobre pegadas de dinossáurios terópodes e “crocodilos” do registo fóssil do Jurássico Superior da Bacia Lusitânica, em Portugal, liderado por Diego Castanera, investigador do Institut Català de Paleontologia Miquel Crusafont e que contou com a participação das paleontólogas do Instituto Dom Luiz, polo Ciências ULisboa, Vanda Faria dos Santos e Elisabete Malafaia, em colaboração com investigadores da Bournemouth University, no Reino Unido e da Sociedade de História Natural (SHN) de Torres Vedras.

Vanda Faria dos Santos e Elisabet Malafaia
Vanda Faria dos Santos e Elisabete Malafaia em trabalho de campo
Imagem cedida por EM

O artigo “New dinosaur, crocodylomorph and swim tracks from the Late Jurassic of the Lusitanian Basin: implications for ichnodiversity” resulta do trabalho desenvolvido sobre a coleção de icnofósseis de vertebrados mesozoicos da SHN. As pegadas foram recolhidas nas arribas da região Oeste de Portugal (entre Torres Vedras e Salir do Porto) durante os últimos 30 anos e são provenientes de diversas formações geológicas, correspondendo a idades que variam entre o Kimmeridgiano e o Tithoniano (c. 150 a 155 Ma).

O registo fóssil português tem proporcionado, sobretudo nas últimas décadas, a descoberta de importantes restos de dinossáurios terópodes e de crocodilomorfos que representam uma elevada diversidade destes grupos de vertebrados.

Neste trabalho, os restos icnológicos foram estudados com base em técnicas de fotogrametria e foram identificados quatro morfotipos de pegadas de dinossáurios terópodes (carnívoros), cujas formas e tamanhos variam desde exemplares pequenos e gráceis (com menos de 10 cm) a exemplares gigantes e robustas (alguns com mais de 50 cm).

Estes quatro tipos de pegadas indicam uma ampla icnodiversidade que, ainda assim, é inferior à diversidade conhecida com base no registo osteológico (com mais de dez formas identificadas). No trabalho também foi identificada uma pegada de dinossáurio saurópode e de crocodilo do tipo Crocodylopodus, um icnotaxon previamente identificado em outras regiões da Península Ibérica, como por exemplo em Astúrias e Sória, Espanha, mas só agora identificado pela primeira vez no registo português com base neste trabalho. Por último, também foram identificados icnofósseis interpretadas como marcas de natação, possivelmente produzidas por um crocodilomorfo.

Em conjunto, a identificação destes novos registos icnológicos, juntamente com os trabalhos prévios, indicam que a Bacia Lusitânica tem um dos registos fósseis com maior número de morfotipos de pegadas do Jurássico Superior, comparável ao registo das Astúrias e dos EUA.

IDL com ACI Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt