Por Marcelo Alves Ramos (Universidade de Pernambuco, Brasil).
Entrada livre, mediante inscrição prévia.
Resumo: O conhecimento que diferentes grupos humanos desenvolvem sobre os ambientes e recursos naturais é conhecido dentro da etnobiologia como conhecimento ecológico tradicional (CET) ou conhecimento ecológico local (CEL). Tais conhecimentos são consequências do processo de adaptação que as culturas humanas desenvolvem quando entram em contato com o ambiente natural. Apesar de sua importância, a dinâmica do CET/CEL precisa ser melhor compreendida, por se tratar de um componente importante do patrimônio biocultural da terra, e estruturante do nexus ambiente-agricultura-alimentação-saúde, gerado ao longo do tempo na sua relação com a natureza e em função das suas especificidades e diversidades geográficas, culturais e tecnológicas. Mesmo vivendo em uma época de crescimento da consciência e sensibilidade ambiental, a visão de conservação da natureza tem sido focada em estratégias que garantam variedade biológica na terra, em níveis de diversidade genética, espécies e ecossistemas. Este modelo, de forma geral, além de não incluir os seres humanos como parte de uma rede de interdependência, o coloca como algo distinto, separado e, muitas vezes, superior aos outros organismos que compõe a vida no planeta. Assim, será abordado nesta palestra a necessidade de discutir a conservação da diversidade biológica dentro de uma visão mais complexa e holística, incluindo a abordagem da diversidade cultural e dos conhecimentos que as populações humanas desenvolvem em relação aos recursos naturais. Serão debatidas também as contribuições da etnobiologia para o ensino contextualizado de ciências em vários níveis. Tais discussões são essenciais nos tempos atuais, dada a necessidade de resgatarmos conhecimentos e práticas que estão perdendo valor na sociedade contemporânea, mesmo sendo úteis para solução de diferentes problemas do mundo, como a insegurança alimentar, a saúde e a pobreza.
Anfitriões:
- Cecília Galvão (Instituto de Educação);
- Cristina Branquinho (Faculdade de Ciências);
- Luís Goulão (Instituto Superior de Agronomia).