Conferências CIUHCT

As conexões entre o Brasil e Portugal na origem da criação do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo

Com Ewerton Luiz Silva (Universidade de São Paulo)

FCT - NOVA (Edifício VIII, Sala 4.8), Monte de Caparica
Imagem ilustrativa do evento

As Conferências do CIUHCT são um ciclo de palestras organizado anualmente pelo CIUHCT acerca de assuntos de História das Ciências e da Tecnologia.

Sinopse: Em janeiro de 1959, por iniciativa de alguns professores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), foi inaugurado o Instituto de Medicina Tropical (IMT) como um centro de pesquisa e ensino voltado para aquela especialidade médica. Seu primeiro diretor, Carlos da Silva Lacaz - docente de Microbiologia e Imunologia da Faculdade - reconheceu que a inspiração para criar, na capital paulista, um instituto de medicina tropical nasceu durante sua estadia em Portugal a fim de participar do VI Congresso Internacional de Medicina Tropical e Paludismo (1958), sediado no recém-fundado edifício do Instituto de Medicina Tropical de Lisboa. Pretendo defender, ao longo de minha apresentação, que a participação de médicos brasileiros – entre eles Carlos Lacaz e Emmanuel Dias – naquele congresso, foi consequência, para além do reconhecimento internacional da medicina brasileira, de um processo de aproximação científica entre médicos tropicalistas dos dois lados do Atlântico, reforçado a partir de 1944. Naquele ano, João Fraga de Azevedo – diretor do Instituto de Medicina Tropical de Lisboa – e Augusto Salazar Leite – docente da cadeira de Dermatologia e Micologia Tropicais – protagonizaram a primeira missão médica oficial portuguesa de estudos ao Brasil. Os professores lusitanos permaneceram em terras brasileiras por 38 dias e estagiaram nos principais centros científicos do país como o Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, e o Instituto Butantan, em São Paulo. Na altura, foi proposta a intensificação do intercâmbio científico mediante a criação de um Instituto Brasil-Portugal e a realização de congressos médicos entre os dois países. Ao longo da década de 1950, diversos congressos promoveram espaços para uma maior cooperação científica entre brasileiros e portugueses, como: o V Congresso de Microbiologia (Rio de Janeiro, 1950), o I Congresso Nacional de Medicina Tropical (Lisboa, 1952), as Jornadas Médicas luso-brasileiras (Rio de Janeiro e São Paulo, 1952 e Lisboa e Coimbra, 1956) e o Congresso Internacional sobre a doença de Chagas (Rio de Janeiro, 1959). Desta forma, pretendo expor como estas conexões foram importantes para alimentar uma movimentação em São Paulo com o intuito de erigir um instituto voltado para o estudo de moléstias tropicais que também acometiam o estado e sua população.

Sobre o Orador: Historiador diplomado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Mestre em História pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), autor do livro “Do sonho à loucura: hospitais psiquiátricos e imigração portuguesa em São Paulo (1929-1939)”, Doutorando pelo Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e bolseiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

13h00
CIUHCT - Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia
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