O Atlas Europeu de Genomas de Referência (ERGA) é um projeto-piloto que visa desvendar o património genómico de 98 espécies, contribuindo para o seu conhecimento e conservação.
Conhecer os genomas das espécies é fundamental para os esforços de conservação, influenciando medidas de gestão e políticas públicas.
Através da genómica (ciência que estuda os genomas), os cientistas são capazes de avaliar o estado do património genético de cada espécie e compreender melhor se determinadas populações se estão a expandir ou a retrair e se conseguem adaptar-se à pressão que os fenómenos climáticos, como temperaturas elevadas ou escassez de água, exercem sobre elas.
Das 98 espécies estudadas pelo ERGA, os investigadores portugueses focaram-se em seis que apresentam estatuto de endemismo ou espécie ameaçada.
- O chasco-preto (Oenanthe leucura).
- A lebre-ibérica (Lepus granatensis).
- O saramugo (Anaecypris hispanica).
- A camarinha (Corema album).
- O louro-da-terra (Laurus azorica).
- O escaravelho-cavernícola-da-Ilha-Terceira (Trechus terceiranus).
Nas palavras do investigador, “O projeto piloto do ERGA permitiu consolidar a comunidade portuguesa que trabalha em genómica da biodiversidade, unindo várias áreas de investigação em torno de um objetivo comum, envolvendo especialistas desde taxonomia, à biologia molecular à bioinformática, e várias instituições, incluindo centros de investigação, universidades e museus.”
No âmbito da missão portuguesa do ERGA, uma equipa de mais de 50 biólogos e ecólogos portugueses, da qual Vítor C. Sousa, investigador de CIÊNCIAS no Centro de Ecologia, Evolução a Alterações Ambientais (CE3C), faz parte, uniu-se para formar o Biogenoma Portugal, consórcio que procura cimentar as relações entre investigadores nacionais e promover a sua formação contínua.
Segundo Harris Lewin, que lidera o “Projeto para o Biogenoma na Terra” do qual o ERGA, por sua vez, faz parte, este é “o primeiro projeto de genómica de biodiversidade coordenado à escala continental”. Para os próximos quatro anos, o ERGA planeia estudar 150 mil espécies na Europa.