Investigador de CIÊNCIAS assegura financiamento para estudar bactérias marinhas que possam ser usadas no restauro de ecossistemas de sapal

O projeto, com um financiamento total de mais de 500 mil euros, conta com a participação de três centros de investigação de CIÊNCIAS – o MARE, o BioISI e o CE3C – e ainda de dois laboratórios associados – o ARNET e o CHANGES

Imagem de um sapal

Financiamento irá servir para o desenvolvimento de soluções baseadas na natureza (Nature Base Solutions – NBS), com vista à melhoria da eficiência do processo de restauro dos ecossistemas de sapal

Bernardo Duarte

Bernardo Duarte, investigador do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente de CIÊNCIAS, assegurou um financiamento do Programa Operacional MAR2030 no valor de 502 080 euros para o desenvolvimento de soluções baseadas na natureza (Nature Base Solutions – NBS), com vista à melhoria da eficiência do processo de restauro dos ecossistemas de sapal. A investigação será realizada por uma equipa alargada, que junta recursos do MARE, do BioISI – Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas e do CE3C - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, assim como de dois laboratórios associados a estes centros de investigação de CIÊNCIAS: o ARNET – Rede de Investigação Aquática e o CHANGES – Instituto para as Alterações Globais e Sustentabilidade.

Bernardo Duarte, investigador do MARE
Bernardo Duarte, Investigador do MARE/CIÊNCIAS
Fonte: Bernardo Duarte

Este projeto, intitulado mRESTART, tem como principal objetivo localizar e estudar microorganismos marinhos que possam ser utilizados como bioestimulantes, criando as condições ideias para uma maior resistência e sobrevivência da vegetação adaptada a viver no mar, ou junto dele, durante transplantes em processos de restauro dos ecossistemas de sapal. Estes ecossistemas encontram-se entre os mais produtivos do planeta, funcionando como habitat de várias espécies e operando como importantes sequestradores de carbono. O seu estado ecológico tem sido degradado devido à elevada pressão humana, o que torna imperativo melhores metodologias de restauro e de melhoramento do seu estado ecológico.

Os resultados servirão ainda para a criação de um biobanco deste tipo de organismos, que possa ser utilizado pela comunidade para desenhar soluções adaptadas a outros projetos de restauro ecológico. Para além do estudo destes microorganismos, a equipa pretende também contribuir para a recuperação das capacidades dos ecossistemas para a reprodução de espécies, bem como melhorar o ambiente quer do ponto de vista da proteção da biodiversidade endémica quer em prol da revitalização da fauna e flora, da gestão sustentável dos recursos e da proteção e manutenção dos viveiros.

 

“Este financiamento vai permitir fazer uma bioprospecção em larga escala de microrganismos promotores de crescimento de plantas que demonstrem potencial para melhorar a eficiência dos processos de restauro de zonas de sapal e assim desenvolver uma metodologia inovadora de restauro alavancada por estes bioestimulantes”, afirma Bernardo Duarte, investigador do MARE

 

O financiamento será utilizado para assegurar os recursos humanos e os equipamentos necessários à investigação. Numa fase posterior, a equipa de investigadores pretende criar um conjunto de materiais e promover ações de sensibilização para a relevância dos sapais para o ecossistema marinho e para as populações humanas, com vista a incentivar uma gestão destes ecossistemas e das atividades humanas circundantes de uma forma mais harmoniosa. Neste sentido, serão contabilizados os benefícios económicos que a boa preservação desta vegetação endémica poderá ter para as atividades humanas, como por exemplo a pesca e marisqueiro.

Marco Matos, Relações Externas e Comunicação - CIÊNCIAS
mmomatos@ciencias.ulisboa.pt