Reasoning Seminar

O Império dos Pensamentos

Sala 8.2.12, Ciências ULisboa
Cartaz do evento

Por João Alberto Pinto (Universidade do Porto).

Gottlob Frege escreveu, notoriamente em “Der Gedanke” (1918), acerca de um terceiro império e do que lá haveria: os pensamentos – caracterizados por contraste com (i) as ideias e (ii) as coisas (do mundo externo). O que pretendo discutir é: (i) a especificidade, (ii) a coerência e (iii) a profundidade de uma tal caracterização dos pensamentos. Para o efeito, considerarei alguns problemas gerados por ela, ao mesmo tempo que tentarei apresentar o que me parece ser uma solução particularmente simples ou direta para tais problemas. Estes problemas são bem conhecidos entre os intérpretes de Frege, a começar por Michael Dummett. Este, tendo notado que o uso do termo “pensamento” nos escritos de Frege a partir do início da década de 1890 era eminentemente técnico (digamos), favoreceu (largamente) a interpretação de acordo com a qual esse uso estaria ao serviço de uma teoria do significado para uma linguagem natural ou para uma linguagem lógica (tal como também o estaria a Notação Conceptual (a Begriffsschrift), criada pelo próprio Frege). A hipótese que proponho é, ao invés, a de que: i) só nos escritos posteriores ao final da década de 1890 (e não apenas no texto de 1918 acima referido) se revela algo a que cabe chamar a visão filosófica geral de Frege; ii) esta visão deve ser distinguida de uma visão filosófica anterior (e mais limitada) que Frege esquematizou na sua Carta a E. Husserl de 24.5.1891; e iii) esta visão anterior era, de facto, não apenas uma visão essencialmente preocupada com a linguagem, como também era, do meu ponto de vista, e de maneira filosoficamente mais relevante, uma visão muito problemática (em quase todos os pontos da referida esquematização).

16h00-17h30
CFCUL/GI1: António Zilhão e Bruno Jacinto