Opinião

Qual o real significado dos rankings?

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Sem querer retirar mérito ou importância às pontuações e sua hierarquização, devemos pensar o que consideramos qualidade numa universidade

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Conceição Freitas
Conceição Freitas
Imagem enviada por CF

A recente notícia da subida da ULisboa em duas das classificações (rankings) das universidades mundiais - Center for World University Rankings (CWUR) e SCImago Institutions Rankings (SIR) – é sem dúvida prestigiante. O seu posicionamento, entre as melhores do mundo e no primeiro lugar a nível nacional, deixa-nos satisfeitos e orgulhosos por sermos parte do universo que contribuiu para este resultado. Acresce que este lugar cimeiro tem sido uma constante na última década, marcada por uma consistente tendência positiva no que respeita ao CWUR e SCImago, como documentado pelo Relatório de Gestão e de Atividades 2020 da ULisboa.

Embora nos diversos rankings (e são vários) o comportamento não seja exatamente igual, certo é que a ULisboa tem revelado um excelente desempenho. Ciências, sendo uma das escolas com maior produtividade científica (em termos absolutos, mas potenciada se a produtividade for normalizada pelo número de ETI docentes e investigadores de cada unidade orgânica), responde certamente por uma grande quota em alguns dos indicadores que contribuem para as classificações obtidas.

No entanto, temos que estar bem conscientes do real significado dos rankings e interpretá-los com mente aberta. São muito diversos os critérios, indicadores e fatores de ponderação utilizados, uns mais subjetivos que outros; os métodos de recolha de dados e respetiva fiabilidade são igualmente distintos, existem assimetrias dentro de cada universidade, para mencionar apenas alguns dos fatores intrínsecos a ter em consideração. E não podemos esquecer os diferentes contextos extrínsecos, sociais, económicos e culturais que condicionam as entidades comparadas e, por vezes, as agendas poderosas que comandam estes processos.

Sem querer retirar mérito ou importância às pontuações e sua hierarquização, devemos pensar o que consideramos qualidade numa universidade, quais os critérios que privilegiamos para clarificar e perseguir os nossos objetivos de formação e investigação, reafirmando a nossa autonomia e independência científica e pedagógica.

Sem dúvida que num contexto de sub-financiamento da ciência e do ensino superior e, demasiadas vezes, de reduzido reconhecimento por parte da sociedade ou mesmo das entidades que nos tutelam, este sucesso refletido nos rankings deve-se substancialmente ao elevado empenho da comunidade de Ciências no seu todo, o que reforça o mérito das classificações alcançadas.

Conceição Freitas, presidente do Conselho Científico da Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt