Seminário Ciência e Império

Antropologia e colonialismo em Moçambique: reflexões sobre uma relação ambígua

Instituto de Ciências Sociais (Sala 3), Lisboa
Seminário Ciência e Império "Antropologia e colonialismo em Moçambique: reflexões sobre uma relação ambígua"

Este seminário destina-se à apresentação de trabalhos em curso sobre as inter-relações entre conhecimento científico, tecnologia e formações imperiais. O seminário convoca historiadores, antropólogos e cientistas sociais em geral para uma reflexão conjunta e interdisciplinar sobre a ciência e o fenómeno colonial.

Realiza-se nas segundas quartas-feiras de cada mês, das 12h30 às 13h30, alternadamente na Faculdade de Ciências e no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

As sessões são abertas à comunidade académica e não académica, apelando à participação de investigadores nacionais e estrangeiros, de diferentes instituições.

Seminário Ciência e Império "Antropologia e colonialismo em Moçambique: reflexões sobre uma relação ambígua"

Resumo: Desde o início da empresa colonial, o interesse pelas “coisas da antropologia” esteve presente entre administradores, governadores e missionários. No caso de Moçambique, as dimensões desse interesse são intrinsecamente problemáticas. Por mais que busquemos distinguir entre uma antropologia profissional e uma antropologia aplicada às questões coloniais, as fronteiras entre ambas são sempre difusas. Em princípio, o administrador e o antropólogo compartilham o lado do “branco”, do colonizador, dos “dominantes”. Mas esta fórmula não é universal. O caso do antropólogo Marvin Harris - expulso de Moçambique por denunciar as arbitrariedades do Regime de Indigenato - desautoriza aquela máxima, repetida mil e uma vezes, segundo a qual a antropologia teria sido cúmplice indubitável do colonialismo. Os nuances, portanto, são inúmeros, apesar de, por momentos, administradores e antropólogos fundirem-se numa natural convergência de interesses. Pretendemos discutir o espaço ocupado por um fragmento da antropologia da época (1940-1970) na empresa colonial. Considerando três casos pontuais - o papel desempenhado por José Gonçalves Cota, António Jorge Dias e Romeu Ivens Ferraz de Freitas -, indagaremos sobre o lugar ambíguo da antropologia na dinâmica colonial e, mais especificamente, no projeto assimilacionista.

12h30
CIUHCT - Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia
CIUHCT