Autonomia 21 - Integração de jovens com Trissomia 21 (T21) no mercado de trabalho

“10 - Reduzir as Desigualdades”, "4 - Educação de Qualidade", "8 - Trabalho Digno e Crescimento Económico", "5 - Igualdade de Género"

 

Ciências ULisboa participa no projeto da Associação Pais 21 - Down Portugal, cujo objetivo é integrar jovens com Trissomia 21 (T21) no mercado de trabalho.

O dinamizador desta ideia na Faculdade foi Federico Herrera, professor do Departamento de Química e Bioquímica (DQB) e investigador principal do Laboratório de Estrutura e Dinâmica Celulares do Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI).

No âmbito deste projeto, Ciências ULisboa recebeu dois jovens que estão neste momento a estagiar num dos laboratórios da Faculdade.

 

Figura 1 - João Pedro Carvalho e Vera Souschek (Fonte DCI Ciências ULisboa)

O João Pedro Carvalho e a Vera Souschek deslocam-se aos laboratórios do BioISI às quintas e sextas feiras, para um período de trabalho de duas horas. Ambos com o acompanhamento de uma psicóloga e de uma técnica de motricidade, o trabalho de adaptação é feito de forma progressiva e gradual, tendo em conta as necessidades e evolução de cada um.

Ambos desenvolvem trabalho auxiliar de laboratório, tendo como tarefa principal preparar materiais para esterilização, preenchendo caixas com pontas de micropipetas. Andreia Barreto, estudante de doutoramento em Bioquímica, enfatiza a importância do trabalho da Vera – “ela está a fazer uma tarefa que tínhamos que fazer, porque precisamos das pontas para trabalhar a toda a hora, com a qual perdíamos muito tempo, e por isso é um trabalho muito útil para nós”.

Figura 2 - Sistema de identificação das pipetas com cores para facilitar o reconhecimento dos vários tamanhos e feitios dos materiais. (Fonte DCI Ciências ULisboa)

Rita Avelino, tesoureira da Associação Pais 21 e mãe de um jovem com T21, explica que quem tem esta condição tem tendência para ser muito meticuloso e tem muita facilidade em fazer este tipo de tarefas, mais simples, mas muito repetitivas, sem que isso os incomode ou demova. No entanto, devidamente acompanhadas e estimuladas, as pessoas com T21 têm capacidade para progredir e variar nas tarefas que desempenham.

Rita Avelino refere ainda que este é um projeto com inúmeras mais valias, tanto para as pessoas com T21 como para a sociedade em geral. A experiência de trabalho confere aos jovens mais autonomia e confiança, assim como desenvolve as suas capacidades sociais. Para a sociedade, a vivência com estas pessoas é muito gratificante pois dá-lhes uma outra perspetiva sobre a deficiência intelectual.

Federico Herrera afirma que “o projeto está a funcionar muito bem, e tem muitas possibilidades de futuro”. Para o investigador, esta experiência pode perfeitamente ser alargada a outros laboratórios da Faculdade, já que as tarefas que o João Pedro e a Vera desempenham são tarefas transversais a vários departamentos e centros de investigação.

Figura 3 - Troféu atribuído a Federico Herrera no Dia de Ciências (Fonte DCI Ciências ULisboa)

 

Enquanto investigador e formador, o professor diz que o seu trabalho é formar cientistas – “neste caso continuamos a fazer exatamente a mesma coisa, mas agora também com pessoas com trissomia 21, alargando um pouco o espectro de pessoas que estamos a formar”, afirma. Como elemento nuclear da vida em sociedade, o trabalho é sinónimo de integração, explica. Neste sentido, “a ideia é usar o trabalho como local de integração, para pessoas com e sem deficiências. O laboratório não é só um local para fazer ciência, o laboratório é um local de formação e integração com muito potencial”.

Manuela Pereira, professora do DQB e investigadora principal do Laboratório de Bioenergética do BioISI também envolvida no projeto, enfatiza a importância do trabalho da Vera – “Uma pessoa com o perfil da Vera conseguiria ser perfeitamente uma excelente técnica de laboratório de vários laboratórios de Bioquímica – é uma simbiose!”

O projeto “Autonomia 21”, abraçado inicialmente por Federico Herrera e posteriormente também por Manuela Pereira, permite à Ciências ULisboa atuar no pilar da sustentabilidade social, constituindo uma marca na relação entre a academia e a sociedade. Foi neste sentido que, no passado dia 19 de abril, durante o Dia de Ciências, foi atribuído ao professor Federico Herrera um reconhecimento pelo seu impacto na comunidade de Ciências ULisboa.

Mais informações sobre este projeto:

 

Coordenador: Federico Herrera

Membros do projeto (internos FCUL): Manuela Pereira e estudantes do Laboratório de Estrutura e Dinâmica Celular e do Laboratório de Bioenergética

Membros do projeto (externos FCUL): Vera Souschek, João Pedro Carvalho, Marcelina Souschek, Rita Avelino, Margarida Cunha e Patricia de Sousa

 

Para mais informações, contactar sustentabilidade@ciencias.ulisboa.pt.