Descobertas em Portugal as mais antigas pegadas de dinossauros da Península Ibérica

pessoas a escavar na terra

Foram identificadas 17 pegadas durante os trabalhos de campo realizados em julho de 2022

Pegadas de dinossauros com 195 milhões de anos foram descobertas em Alvaiázere, no distrito de Leiria, sendo as mais antigas da Península Ibérica, segundo estudo publicado na revista científica Historical Biology. Carlos Neto de Carvalho, investigador do Instituto Dom Luiz (IDL), é um dos autores do trabalho.

A equipa de investigadores portugueses identificou um conjunto de pegadas de dinossauros associadas a crocodilomorfos com cerca de 195 milhões de anos. As pegadas representam os vestígios mais antigos da presença destes animais na Península Ibérica. A descoberta permitiu ainda identificar uma nova espécie, Moyenisauropus lusitanicus, que amplicou o conhecimento acerca da diversidade de dinossáurios e outros vertebrados conhecida no registo fóssil do Jurássico Inferior europeu e mundial.

pegadas
Fotografia e modelação 3D dos holótipos das pegadas utilizadas para definir a nova icnoespécie
Fonte CPGP

 

Estes registos antecipam em cerca de 25 milhões de anos a mais antiga ocorrência de dinossáurios conhecida até hoje na Península Ibérica - as pegadas de dinossauros saurópodes da Pedreira do Galinha têm cerca de 170 milhões de anos.

O registo fóssil de Jurássico Inferior na Península Ibérica é escasso, constituindo-se assim este trabalho como um importante contributo para a o conhecimento sobre os dinossauros deste período a nível internacional e para a reconstituição paleogeográfica e paleobiológica do Sinemuriano de Portugal.

As primeiras pegadas foram descobertas em 2006 por João Forte, um dos coautores do estudo. Neste estudo, realizado em 2022, foram descritas de forma detalhada 17 pegadas identificadas durante os trabalhos de campo realizados em julho de 2022. As pegadas de dinossauros apresentam algumas afinidades com outras do mesmo período descritas na Polónia e na África do Sul, embora com algumas diferenças, que permitiram a classificação desta nova espécie.

O estudo foi liderado pelo paleontólogo Silvério Figueiredo, professor do Instituto Politécnico de Tomar e presidente do Centro Português de Geo-História e Pré-História (CPGP). Contou com a participação de Carlos Neto de Carvalho, investigador do IDL Ciências ULisboa; Pedro Cunha e Luís Duarte, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Universidade de Coimbra; Alexandre Fonseca, do CPGP; Cláudio Monteiro, da CAA-Portugal; e João Forte, da Al-Baiaz - Associação de Defesa do Património.

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