European Journal of Organic Chemistry

Novos avanços no estudo do potencial terapêutico dos antibióticos à base de açúcares

Artigo de revisão da investigadora Ana Marta de Matos sobre o tema é capa de revista

Ana Marta de Matos

Ana Marta de Matos é investigadora do Centro de Química Estrutural desde 2021

GJ Ciências ULisboa

Novo artigo da autoria de Ana Marta de Matos, investigadora do Centro de Química Estrutural (CQE), do Institute of Molecular Sciences (IMS), sobre o potencial terapêutico dos antibióticos à base de açúcares, foi publicado a 24 de janeiro, na 4.ª edição da revista European Journal of Organic Chemistry (EurJOC), uma publicação dedicada à Química Orgânica. O artigo foi destacado na capa da revista.

capa da revista
Capa da 4.ª edição/2023 da EurJOC destaca artigo
Fonte EurJOC

Recent Advances in the Development and Synthesis of Carbohydrate-Based Molecules with Promising Antibacterial Activity” é o nome do artigo de revisão disponível online desde setembro de 2022, e destacado pelos editores da revista como “Very Important Paper” [artigo muito importante], uma classificação que dá destaque à relevância do tópico e impacto na sociedade.

O trabalho apresentado é um artigo de revisão, isto é, constitui um levantamento dos artigos mais relevantes e casos de sucesso recentemente publicados, apresentando a potencialidade das moléculas à base de açúcares na descoberta de novos agentes antibióticos.

Com o crescente aumento da resistência antibacteriana, existe uma necessidade urgente de desenvolver novos antibióticos, com mecanismos de ação inovadores, explica a investigadora, pelo que o tema está na ordem do dia. Ao compilar os esforços de pesquisa mais recentes nesta área, o artigo pretende incentivar investigadores a aprofundarem a sua pesquisa no tratamento farmacêutico com glicoantibióticos.

No artigo são apresentadas três grandes classes de glicoantibióticos: os bactericidas, que causam a lise celular e matam a célula; os agentes bacteriostáticos, que impedem o crescimento e proliferação da célula; e os ligandos de adesinas, açúcares que se ligam a proteínas que existem à superfície das bactérias, impedindo que as mesmas se alojem no epitélio do hospedeiro e, consequentemente, que a infeção se estabeleça. Ana Marta de Matos expõe as metodologias mais comuns e mais utilizadas de modificação dos açúcares em moléculas bioativas, neste caso, antibióticos, evidenciando a versatilidade destes compostos.

“Sinto-me orgulhosa e muito contente. Neste artigo, o meu trabalho é de mensageira, não é trabalho original, mas creio que mostra os meus interesses e a minha vontade de comunicar esta importante mensagem, que está também na base da investigação que desenvolvo e que espero genuinamente que venha a dar frutos.” Ana Marta de Matos

 

Bactérias gram-negativas no centro das atenções

Em 2018 um grupo de investigadores da Faculdade liderou um projeto sobre a utilização de antibióticos compostos por açúcares, para o combate de bactérias gram-positivas. O estudo deu origem ao artigo "Sugar-based bactericides targeting phosphatidylethanolamine-enriched membranes”, publicado na Nature Comunications.

Ana Marta de Matos é licenciada em Bioquímica pela Ciências ULisboa e em 2013 concluiu o mestrado em Química Farmacêutica e Terapêutica na Faculdade de Farmácia da ULisboa. Em 2014 voltou à Ciências ULisboa, onde frequentou o Doutoramento em Química, sob orientação de Amélia Rauter, coordenadora do Grupo de Química dos Glúcidos do CQE. No seu percurso visitou várias faculdades e institutos no estrangeiro (Hungria, Alemanha, Reino Unido e Suiça), tendo-se juntado ao CQE em 2021.

Inspirada por este trabalho, Ana Marta de Matos iniciou um projeto de investigação, no qual pretende aplicar os conhecimentos adquiridos, mas desta vez para o combate a bactérias gram-negativas, nomeadamente as três estirpes classificadas como de prioridade máxima pela Organização Mundial de Saúde

As bactérias gram-negativas são as mais problemáticas, explica a investigadora, pois apresentam mais suscetibilidade ao desenvolvimento de mecanismos de resistência. Além disso, dado que têm duas membranas celulares com características muito dispares, é mais difícil encontrar antibióticos capazes de atingi-las. A ideia do projeto é utilizar os resultados existentes e dar uma “nova roupagem” aos compostos antibacterianos, através da utilização de agentes adjuvantes que permeabilizem a membrana externa, para que os açúcares possam atingir o seu alvo terapêutico - a membrana interna.

Num segundo projeto, financiado na 5.ª Edição do Concurso CEEC - Concurso Estímulo ao Emprego Científico da FCT, o objetivo é transformar estes compostos já estudados em pró-fármacos, adicionando-lhes um açúcar, para que eles próprios consigam passar a membrana externa, entrar no espaço periplasmático e, após biotransformação pela bactéria, chegar à membrana interna.

 

O potencial dos açúcares no desenvolvimento de novos antibióticos

Devido à sua multifuncionalidade e complexidade estereoquímica, os açúcares são moléculas únicas. Presentes em todos os organismos vivos, funcionam não só como fontes de energia, mas também como constituintes estruturais e elementos fundamentais nos processos de comunicação célula-célula. Pela sua compatibilidade biológica natural, os açúcares são materiais de partida biodegradáveis, além de exibirem um vasto potencial de derivatização química com vista ao desenvolvimento de novos antibióticos.

três classes de glicoantibióticos
Três classes de glicoantibióticos
Fonte AMM

Os compostos-líder atualmente explorados pela investigadora foram também alvo de escrutínio neste artigo de revisão, pelo seu potencial enquanto glicoantibióticos do futuro. Estes compostos demonstraram uma maior afinidade para lípidos mais comummente encontrados nas membranas das bactérias do que nas membranas das células humanas, o que se traduz numa ação seletiva, com baixa toxicidade para células saudáveis, em níveis de concentração bactericida mínima.

Além disso, estes compostos apresentaram uma menor suscetibilidade a mecanismos de resistência, conferida pelo seu mecanismo de ação inovador. Uma bateria de testes permitiu perceber que, face à presença destes compostos, as bactérias não desenvolvem resistência da mesma forma que o fazem com os antibióticos convencionais, razão pela qual são tão promissores.

Marta Tavares, GJ Ciências ULisboa, com a colaboração de Ana Marta de Matos, investigadora do CQE
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
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ranking de Leiden, que avalia a produção científica de instituições de ensino superior a nível mundial, posicionou a ULisboa na liderança da Península Ibérica, colocando-a na 28.ª posição na Europa e no 131.º lugar a nível mundial.

enguia

No dia 26 julho, pelas 16h00, decorrerá na Ciências ULisboa a sessão de encerramento do projeto “Livro Vermelho e Sistema Nacional de Informação dos Peixes Dulciaquícolas e Diádromos de Portugal Continental”. O novo Livro Vermelho revela que os peixes de água doce e migradores diádromos se encontram numa situação preocupante.

3 raparigas a apontarem para um ecrã num laboratório

Acontece este ano mais uma edição do “Ser Cientista”. A 8.ª edição do programa, que decorre entre os próximos dias 24 e 28 de julho, visa proporcionar aos alunos do ensino secundário uma aproximação à realidade da investigação científica, pela integração no dia-a-dia dos cientistas de diferentes áreas de Ciências.

António Costa, Elvira Fortunato e Salomé Pais

Salomé Pais foi galardoada com a Medalha de Mérito Científico 2023, durante o Encontro com a Ciência e a Tecnologia em Portugal, decorrido no início de julho em Aveiro. Para a professora catedrática aposentada do Departamento de Biologia Vegetal da Ciências ULisboa esta distinção “simboliza o reconhecimento de uma vida dedicada à ciência”.

imagem de divulgação da exposição Mirabilia

É hoje inaugurada a exposição Mirabilia “Coisas Admiráveis”, que decorre no âmbito das comemorações dos 10 anos da ULisboa e do Dia da Universidade de Lisboa. A exposição integra objetos “admiráveis” das 18 escolas da ULisboa, entre eles um telescópio utilizado por um equipa da Ciências ULisboa na campanha internacional de observação “Venus Twilight Experiment”.

costa maritima

Carlos Antunes, foi nomeado vogal de reconhecido mérito da Comissão de Domínio Público Marítimo, um órgão consultivo da Autoridade Marítima Nacional que estuda e emite pareceres sobre os assuntos relativos à utilização, manutenção e defesa do domínio público marítimo.

Šima Krtalić

Šima Krtalić, aluna de doutoramento da Ciências ULisboa, afiliada ao projeto Medea-Chart, ganhou recentemente a décima edição do prémio "Imago Mundi" 2023 da referida revista académica, destinado a homenagear o melhor artigo em História da Cartografia.

Várias pessoas num sala

Ciências ULisboa participou na 3.ª edição do roadshow EA-IDEIA - Estrutura de Acompanhamento da Investigação, Desenvolvimento, Experimentação e Inovação da Armada, organizado pela Marinha Portuguesa.

Pedro Machado

Pedro Machado, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e professor da Ciências ULisboa, foi homenageado pelo Grupo de Trabalho para a Nomenclatura de Pequenos Corpos (WGSBN) da União Astronómica Internacional (IAU), com a atribuição do seu nome a um asteroide, que tem quase três quilómetros de diâmetro e demora quatro anos e meio a dar uma volta ao Sol.

ave a voar em cima do mar

Um novo estudo internacional sobre a análise do risco de exposição ao plástico por aves marinhas identifica o Mediterrâneo como a região de maior risco a nível global. O artigo foi publicado na revista científica Nature Communications e conta com 18 cientistas portugueses, entre eles quatro investigadores da Ciências ULisboa.

foto dos tres finalistas

Filipa Rocha, estudante de doutoramento na Ciências ULisboa, alcançou o 2.º lugar do Prémio Jovens Inventores 2023, atribuído pelo Instituto Europeu de Patentes. O prémio corresponde a um valor pecuniário de dez mil euros. A cerimónia de entrega de prémios decorreu esta manhã, em Valência, Espanha.

fotografia de grupo

Foi assinado um protocolo de cooperação entre Ciências ULisboa, a FCiências.ID, o cE3c e a empresa dinamarquesa Copenhagen Infrastructure Partners, que visa a investigação e mitigação dos impactos da exploração eólica offshore ao largo da Figueira da Foz.

Logotipo da ACL

Cristina Branquinho e Isabel Trigo foram eleitas em 2023 respetivamente sócias correspondentes nacionais da Classe de Ciências -  Ciências Biológicas e Ciências da Terra e do Espaço – da Academia das Ciências de Lisboa (ACL).

O projeto EDUCOAST, promovido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera, desenvolve programas educacionais para diversos níveis de ensino e para profissionais, na área das geociências costeiras e marinhas, tendo como base o trabalho de campo e as práticas experimentais.

Conceção artística do telescópio espacial Euclid no espaço

A missão espacial Euclid da Agência Espacial Europeia (ESA) irá penetrar nos últimos 10 mil milhões de anos de história do Universo para tentar compreender pela primeira vez o que está a acelerar a expansão do Universo. O lançamento do telescópio espacial Euclid está previsto para 1 de julho. O telescópio vai observar durante seis anos mais de um terço do céu. A participação portuguesa na missão Euclid é coordenada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

João Pedro e Vera no laboratório

Ciências ULisboa integrou recentemente o projeto “Autonomia 21”, um projeto da Associação Pais 21 cujo objetivo é integrar jovens com Trissomia 21 no mercado de trabalho. O dinamizador desta ideia na Faculdade foi Federico Herrera, professor do DQB e investigador do BioISI. No âmbito deste projeto, Ciências ULisboa recebeu dois jovens que estão neste momento a estagiar num dos laboratórios da Faculdade.

José Pedro Granadeiro e Rui Rebelo

A expedição Selvagens 50 organizada pelo Instituto das Florestas e Conservação da Natureza da Madeira reuniu cerca de 40 especialistas de diversas instituições, entre os quais se incluem os professores do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa, José Pedro Granadeiro (aves marinhas) e Rui Rebelo (répteis terrestres).

Conceção artística de um exoplaneta semelhante a Vénus, em órbita da sua estrela

Uma equipa de investigadores escolheu um planeta a 106 anos-luz, com 1,37 vezes o diâmetro da Terra, descoberto em 2022, para apresentar a primeira simulação a três dimensões do clima de um planeta de tipo rochoso com as características que atualmente conhecemos em Vénus.

Grupo de alunos e professores

A 9.ª edição da final nacional das Olimpíadas Portuguesas da Geologia decorreu nos dias 3 e 4 de junho, no Centro Ciência Viva de Estremoz / Pólo de Estremoz da Universidade de Évora, com a participação de 25 estudantes vindos de diversas regiões do País, incluindo uma delegação dos Açores (São Roque do Pico).

Rádão

O professor do DQB Ciências ULisboa e investigador do BioISI Ciências ULisboa é o primeiro autor de um novo artigo publicado no jornal Physical Chemistry – Chemical Physics da Royal Society of Chemistry, onde foram estudados diferentes compostos de rádon e xénon - dois gases nobres – e onde as suas propriedades energéticas e de ligação química foram analisadas.

Fundo do oceano

Ricardo Melo, professor do Departamento de Biologia Vegetal da Ciências ULisboa e investigador do MARE, integra o júri do Prémio Mário Ruivo – Gerações Oceânicas. As candidaturas da 3.ª edição deste prémio decorrem até 31 de julho.

Carlos Nieto de Castro

Carlos Nieto de Castro chegou à Faculdade em 1982 com a missão de criar uma escola de Termodinâmica e Processos de Transporte. Em abril de 2019 jubilou-se. Ainda assim, o seu trabalho enquanto investigador continua: todos os dias úteis chega à Faculdade pelas 8h30/9h00. Conheça o percurso do cientista.

3 alunos numa mesa, na semana da sustentabilidade

Neste Dia Mundial do Ambiente recordamos a Semana da Sustentabilidade, organizada por núcleos de estudantes da Faculdade, com o apoio da Associação de Estudantes e do Laboratório Vivo para a Sustentabilidade.

José Guerreiro, docente do Departamento de Biologia Animal e investigador do MARE, iniciou funções esta quinta-feira, dia 1 de junho, como presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Miguel Miranda e a plateia

O professor e geofísico Jorge Miguel Miranda deu a sua última aula na passada sexta-feira, e despediu-se do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, laboratório do Estado que presidiu nos últimos dez anos.

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