Seminário Ciência e Império

O casamento como laboratório civilizacional: a promoção da mulher africana entre a família consuetudinária e o idílio conjugal

Sala 8.2.02, FCUL, Lisboa
Ciência e Império

Este seminário destina-se à apresentação de trabalhos em curso sobre as inter-relações entre conhecimento científico, tecnologia e formações imperiais. O seminário convoca historiadores, antropólogos e cientistas sociais em geral para uma reflexão conjunta e interdisciplinar sobre a ciência e o fenómeno colonial.

Realiza-se nas segundas quartas-feiras de cada mês, das 12.30h às 13.30h, alternadamente na Faculdade de Ciências e no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

As sessões são abertas à comunidade académica e não académica, apelando à participação de investigadores nacionais e estrangeiros, de diferentes instituições.

Resumo: Em contexto colonial, a condição da mulher africana foi aferida, as mais das vezes, à luz de práticas locais que envolviam a troca de prestações matrimoniais. Interpretadas no quadro da codificação internacional das formas de escravatura, tais práticas foram discutidas no escopo da política colonial pela relação entre as funções do parentesco africano e a produção e tráfico de pessoas com estatuto servil. Enquanto isso, a relação ambígua da administração colonial com as configurações matrimoniais consuetudinárias abria campo para a ascensão do idílio conjugal como solução de reorganização social. Com âncora no caso da Guiné dos anos 1950, esta apresentação interroga os tempos e as geografias do processo que isolou o casamento como marcador da diferença indígena e, em simultâneo, o constituiu como alvo tanto da etnologia que se interessava sobre os usos e costumes que a caracterizavam, como dos agentes coloniais que sobre eles intervinham a pretexto da salvaguarda da dignidade da mulher africana.

12h30
CIUHCT - Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia